terça-feira, 10 de agosto de 2010

Por que crescemos tão pouco?

Na igreja em que congrego uma irmã levantou um questionamento mais que legítimo: “por que nossa igreja cresce tão pouco”? Era mais uma reunião de doutrina na Primeira Igreja Presbiteriana em Santarém/PA. Certamente que a questão não era nova, mas naquele exato momento, pelo menos para mim, ela assumiu um caráter inquietante. Era óbvio que a irmã estava se referindo à igreja local, e não à denominação propriamente dita. Um irmão citou estatísticas que apontam mais ou menos a membresia total de presbiterianos no Brasil – algo perto dos 1 milhão de membros, se não estou enganado – e concluiu dizendo que nossa representação numérica, perto de outras denominações igualmente históricas e da população total de nosso país, é ínfima. Eu me reportei ao crescimento da fé reformada de um modo geral (ao Neocalvinismo), que a Times (aqui) recentemente incluiu entre as dez ideias mais influentes no mundo de hoje. “Na lista”, disse eu, “ocupamos o terceiro lugar”. Mas a irmãzinha estava se referindo à igreja local. Ela queria saber o porquê dos nossos bancos vazios nos domingos, e não se o chamado “novo calvinismo” está em voga no mundo das ideias. E agora, como aliar as duas coisas: identidade denominacional e crescimento da igreja local? Quem pretere quem?

A conversa tomou um rumo em que as comparações foram inevitáveis. “Mas a igreja tal cresce tanto, e por que nós não”? Então, começamos a falar um pouco sobre a metodologia de crescimento adotada em muitas igrejas que crescem vertiginosamente. O tom que a conversa assumiu foi mais ou menos o de que as igrejas que crescem com metodologia de marketing, governo G-12, células e etc. (ou seja, basicamente as igrejas neopentecostais e emergentes), quando não embotam, até influenciam o crescimento das igrejas históricas, quando estas resolvem usar estratégias semelhantes. Essa mesma irmã que levantou a questão sobre o não-crescimento de nossa igreja citou o exemplo de uma determinada denominação que cresce muito aqui em Santarém (a maior igreja daqui, na realidade), e disse que uma das marcas daquele ministério é a oração. “Há um grupo de pessoas que oram o dia inteiro, revezando-se entre si, enquanto que nossa igreja ora tão pouco” – disse ela, apontando uma possível causa para nossa falta de crescimento. Os mais preocupados (dentre os quais me incluo) com o “encanto” que tal denominação tem exercido sobre alguns membros de nossa igreja rapidamente rebateram dizendo que a referida igreja, ainda que esteja crescendo, é muita suspeita em sua doutrina. Por exemplo, seu pastor-presidente recentemente virou “apóstolo”, algo com que não compactuamos. Mas a irmã estava falando sobre oração, e ela tinha razão quando falou que oramos tão pouco. “As quintas-feira de oração não existem mais em nossa igreja”, arrematou.

Resolvemos tirar um sábado inteiro para orar por nossa igreja, com irmãos revezando a cada uma hora. Na realidade não foi o dia inteiro, e sim meio: das oito da manhã às oito da noite. Das 19h às 20h fizemos uma breve reunião de encerramento, e a reflexão ficou por minha conta. O número de irmãos que compareceram foi tão irrisório que deu até para contar nos dedos, e com sobra! Contudo, minha palavra foi breve. Dentre outras coisas, falei sobre como questionamos mais sobre o crescimento de uma igreja do que sobre a vida de oração dos seus membros. Citei o exemplo dos puritanos, que costumavam ter em suas casas um quartinho exclusivo para orar. Também aludi a John Knox, o “patriarca do presbiterianismo”, que orava incessantemente: “Senhor: dá-me a Escócia ou eu morro”! Inclusive cheguei a dizer que uma das perguntas que a Bíblia me faz em suas entrelinhas e que mais me envergonha é: como vai a sua vida de oração? Temos a melhor doutrina (a reformada), é verdade, mas e a prática? Temos imitado nossos pais, de quem tanto nos orgulhamos? Naquela noite nos sentimos tão pequenos!

Mas a conversa sobre o porquê de crescermos tão pouco ficou inconclusa. Resolvi, via solilóquio, pesquisar mais sobre o assunto para expor na escola dominical, interrompendo por ora nosso estudo na carta de Paulo aos Romanos. Minhas conclusões não refletem necessariamente a realidade geral de minha denominação, é claro. Somente quero pensar com minha igreja local sobre os rumos que ela tomará daqui pra frente, muito embora nossas reflexões sobre a vida de oração que temos levado já tenham me oferecido valiosos indicadores. Que Deus tenha misericórida de nós!

Soli Deo Gloria!

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2 comentários:

Leonardo Bruno Galdino disse...

Anônimo,

Se você se identificar, aí pode ser que eu te ajude a entrar em contato com a I IPB Santarém. Do contrário, nada feito.

Leonardo Bruno Galdino disse...

Anônimo,

Se você se identificar, aí pode ser que eu te ajude a entrar em contato com a I IPB Santarém. Do contrário, nada feito.

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