segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O imutável amor de Deus


Esboço de um sermão que preguei ontem à noite na Igreja Presbiteriana do Ibura (Recife-PE). 
***
“Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (Malaquias 3.6).

INTRODUÇÃO
Vocês me reputariam por herege caso eu afirmasse que nossos pecados, por piores que sejam, não são capazes de fazer com que Deus diminua o Seu amor por nós, os Seus eleitos? 

EXPOSIÇÃO
A queixa básica do povo parecia ser a de que Deus o havia esquecido, pois os ímpios estavam prosperando, enquanto que Israel, não (2.17; 3.15). Mesmo tendo Deus já declarado o Seu amor exclusivo para com a Casa de Israel, ela desdenhava dele (1.1-5). Para o povo, não havia vantagem nenhuma em um viver piedoso, visto que os ímpios (aparentemente) estavam escapando ao Juízo de Deus (3.14, 15).
- Pós-exílio.

A infidelidade dos sacerdotes 
  1. Profanação do culto (1.6-14): Deus, o pai desonrado e senhor desrespeitado (v. 6). “A mesa do Senhor é desprezível” (v. 7 e 12). O v. 13 é descrito doravante como o roubo nos dízimos e ofertas (3.7).
  2. Negligência da Lei: violação da aliança com Levi (tribo designada para os serviços litúrgicos). 1) negligência no ensino da Lei (v. 7, 8); e 2) parcialidade na aplicação da Lei (2.9). Ver exemplo prático disso em 3.5. Todo esse mau exemplo por parte dos sacerdotes estava fazendo com que muitos tropeçassem (v. 8). Isso estava se refletindo no dia-a-dia do povo, que também estava sendo infiel para com Deus.
A infidelidade do povo
  1. Casamento misto (2.10-12) – uma profanação da aliança (v. 10) e do santuário do Senhor (v. 11). Falar sobre a “Idolatria matrimonial”.
  2. Divórcio massivo (2.13-16). Deus não estava aceitando a oferta do povo por causa da infidelidade conjugal dele (v. 13, 14). As circunstâncias do texto indicam que os homens estavam se divorciando de suas esposas para se casarem com mulheres pagãs. Casamento é aliança, de modo que infidelidade conjugal significa infidelidade da aliança. Deus diz que odeia o divórcio! O casamento é uma instituição tão santa que violá-la, seja por casamento misto ou divórcio, constitui-se em uma quebra da Aliança para com Deus.
Diante de um quadro de infidelidade e rebelião como esse, restaria ainda algum vestígio de amor de Deus para com o Seu povo? Se sim, por meio de quê ele evidenciaria esse amor?

A resposta de Deus: Jesus, o “Anjo da Aliança”

Jesus é identificado como o “Senhor”, como o “Anjo da Aliança” (3.1) e como o “sol da justiça” (4.2) que traria salvação para o povo (cf. Mt 1.21).

Pensando especificamente nesse ato de amor do Pai em nos dar o Seu Filho como propiciação pelos nossos pecados, João irrompe numa contundente declaração: “Deus é amor” (1 Jo 4.8). João 3.16amor de boa vontade (beneplácito), deliberação em fazer o bem (“o mundo” = “aqueles que não têm nada” – Owen); João 14.23amor de aceitação; chamado para desfrutar de comunhão com o Pai. Não há qualquer possibilidade de comunhão em amor com o Pai sem a mediação do Filho.

O imutável amor de Deus (3.6)

“O amor do Pai é constante: aqueles a quem ama ele ama até o fim e sempre da mesma maneira” (Owen). Contudo, o fato de Deus não mudar o Seu amor para conosco não significa que Ele não altere as dispensações da Sua graça. Diante da nossa rebeldia e incredulidade, Ele nos reprova, castiga, esconde de nós a sua face, nos fere. Mas isso não significa que Seu amor por nós é diminuído. Como disse John Owen, “se qualquer tipo de provocação pudesse afastar o amor de Deus para conosco, já não existiria amor há muito tempo”. (Ver também o Salmo 78.32-38).

APLICAÇÃO: O que Deus exige de nós?

1) Receber o Seu amor. “Até que o amor do Pai seja recebido, não temos nenhuma comunhão com ele” (Owen). E como receber esse amor? Pela fé – mas não uma fé imediata, e sim mediada pelo Filho. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vem ao Pai senão for por mim” (Jo 14.6);

2) Corresponder ao Seu amor em amor. “Deus ama para que seja amado. Tudo começa no amor de Deus e termina no nosso amor para com Ele” (Owen). Não devemos nos fiar na graça de Deus e na imutabilidade do Seu amor por nós para vivermos de forma licenciosa e libertina. É bom lembrar que o “Anjo da Aliança” também seria instrumento de justiça (3.2-4; 4.1-3).

Soli Deo Gloria!
Leonardo Bruno Galdino.
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