Por Kevin DeYoung*
Proposição é simplesmente uma declaração que pode ser tanto falsa como verdadeira. “As luzes estão acesas.” “Meu nome é Kevin.” “Deus é amor.” Essas são declarações que podem tanto afirmar como negar. É a definição de uma proposição. A Bíblia é certamente mais do que proposições; ela tem mandamentos e perguntas também. Mas a imensa maioria dos textos da Bíblia — sejam leis, cartas, poemas, sejam narrativas — é composta de proposições. Algumas são formulações doutrinárias (“Não há nenhum justo”), e outras são unidades de uma história maior (“em seguida pegou seu cajado, escolheu no riacho cinco pedras lisas”). Em praticamente todas as páginas das Escrituras lemos sentenças proposicionais. [...] Uma declaração que rejeita uma proposição é, em si mesma, uma proposição, assim como uma declaração feita contra declarações de fé é um tipo de declaração de fé.
[...]
Três proposições de Jesus
A Bíblia não impõe tal distinção entre fé no Jesus revelado na Bíblia e confiança nas declarações proposicionais reveladas sobre ele. Considere alguns exemplos do evangelho de João. Os três vêm dos lábios de Jesus.
“Eu lhes disse que vocês morrerão em seus pecados. Se vocês não crerem que Eu Sou, de fato morrerão em seus pecados” (Jo 8:24).
Para que seja genuína e salvadora, a fé pessoal em Cristo deve ter conteúdo proposicional. Devemos crer que Jesus é o “Eu Sou”. Devemos crer que ele é do alto (8:23), a luz do mundo (8:12) e que é enviado do Pai (8:16). Podemos achar que temos um relacionamento maravilhoso com Jesus e podemos até mesmo amá-lo, mas, a não ser que creiamos que ele é o Cristo, o Filho de Deus, não teremos vida em seu nome (20:31).
“Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido” (Jo 15:7).
As duas coisas são colocadas lado a lado — Jesus permanecendo em nós, e suas palavras permanecendo em nós. Elas são dois lados da mesma moeda. Não podemos ter um relacionamento de permanência com Jesus, a não ser que suas palavras também permaneçam em nós. E se permitirmos que suas palavras — mandamentos, sentenças e proposições — permaneçam em nós, ele também permanecerá.
“Agora vou para ti, mas digo estas coisas enquanto ainda estou no mundo, para que eles tenham a plenitude da minha alegria” (Jo 17:13).
Nossa plenitude de alegria depende de crer, abraçar e apreciar as frases que Jesus pronunciou. As frases não nos salvam. A vida, a morte e a ressurreição de Jesus é que nos salvam. Mas sem proposições correspondentes à verdade como “esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17:3), “eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste” (v. 6), “eu rogo por eles” (v. 9) e “tudo o que tenho é teu, e tudo o que tens é meu. E eu tenho sido glorificado por meio deles” (v. 10) — sem essas preciosas declarações teológicas, comunicadas e entendidas por meio de expressões verbais, não teríamos a plenitude da alegria de Jesus.
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Trecho extraído do capítulo 3 do excelente livro Não quero um pastor bacana - e outras razões para não aderir à igreja emergente (São Paulo: Mundo Cristão, 2011), de Kevin DeYoung e Ted Kluck.
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