Resolvi tirar a poeira do blog (quatro meses sem postar nada!) lançando um desafio apologético a la Norma Braga para os leitores. A única diferença é que não há livros para serem presenteados aqui (por isso é que estou falando em desafio, não em concurso). Mas, por favor, não se sintam menos estimulados por isso.
É o seguinte. O Gustavo Nogy, colaborador do blog Ad Hominem, publicou um texto no Facebook argumentando contra a pena de morte. Ei-lo:
POLÊMICA: sou contra a pena de morte. Por essa vocês não esperavam, hein? Duas dúzias de amigos conservadores devem, neste exato momento, estar considerando seriamente a possibilidade de desfazer tão nefasta amizade. Eu os traí. Eu sou o Caim do conservadorismo. Mas não, amigos e inimigos, eu não os traí. Eu traí a agenda. Muito embora enquadramentos ideológicos sejam pouco interessantes, não tenho problema algum em assumir meu conservadorismo. Antes: a ‘disposição conservadora’ de que fala Michael Oakeshott, reativa e necessariamente cética. Mas assumir essa disposição não significa carregar todo o pacote pra casa. Devo mais à minha consciência do que a um conjunto de preceitos políticos ou a um cortejo de Abéis. Sim, eu sei que nem mesmo a Igreja Católica condena a pena capital. Santo Tomás de Aquino escreveu sobre e o fez muito bem – e eu não tenho pena dos vilões. A questão é outra e a questão é simples. Se, como conservador, nego ao estado, em princípio, a prerrogativa de tributar; se nego ao estado o monopólio da educação; se me desagrada que o estado regule a economia e se, enfim, quero o estado limitado às funções mínimas que nem bem sei quais seriam – tamanho meu repúdio prudencial ao ‘detentor do monopólio da força’ –, então não me parece razoável que eu conceda ao estado o maior poder entre todos: o de decidir quem pode viver e quem deve morrer. Admitir que o estado execute é, na prática, aceitar o muito e rejeitar o pouco. É cuspir um Jean Wyllys e engolir um Josef Stalin.
Eu sei perfeitamente que esse tema não goza de unanimidade entre os cristãos (o próprio Nogy é um), nem mesmo entre os de linha reformada. Portanto, o desafio vai para aqueles que, como eu, entendem que a pena capital (executada pelo Estado, evidentemente) é bíblica (vide a "espada" em Romanos 13). Para quem entende que não é - a despeito da evidência bíblica -, #ficaadica do argumento levantado pelo Gustavo. É, eu diria, um argumento que pega carona no conceito do Estado mínimo. O problema é que ele se recusa a aceitar justamente uma das únicas intervenções estatais que a Escritura legitima, que é a pena capital. Mas esse é um assunto para vocês.
E aí, quem se habilita? Comentem!
Soli Deo Gloria!
2 comentários:
O texto de Romanos 13.4 sobre as autoridades estatais é claríssimo "Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal". A negação do estado em utilizar a pena de morte é mais filosófica do que teológica.
A pena capital não é um recurso razoável para os princípios neotestamentários. Ainda que o estado seja implantado sob soberania de Deus, estado que devemos respeitar, não somos obrigados a coadunar com tal disposição. Sabemos que a predestinação e eleição são prerrogativas exclusivas de Deus e os condenados devem ter a oportunidade de ouvir o bendito Evangelho, se arrepender e converter. Do mesmo modo em outros países onde a lei islâmica é implantada, cristãos são condenados a morte por apostasia, blasfêmia e evangelismo. Podemos observar que esta prática tem sido legitimada por estados teocráticos que sob a soberania do Santo assolam com destruição o povo eleito, a igreja.
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