quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Como falar de governo civil e política para os seus filhos?

Por Ruth Beechick


Uma boa estratégia para ajudar seus filhos a ficarem a par das várias formas de governo é a mesma para com todas as cosmovisões: começando com o que eles encontram em seu dia a dia. Em suas leituras, é provável que eles se deparem principalmente com reis e imperadores. A Bíblia ensina que os reis não desempenharão bem suas funções até que Jesus se torne Rei. Ele é perfeitamente reto; logo, será o Rei perfeito. Os homens são pecadores, alguns piores que outros; logo, reis humanos são pecadores. Reis não são eleitos; eles cumprem essa função por toda a vida. Às vezes os chamamos de ditadores ou imperadores. Podemos até chamá-los de presidentes hoje, mas se são realmente ditadores, sempre serão “reeleitos” por meios fraudulentos. Quando certos governantes estão nos noticiários, você pode ajudar seus filhos a entender algo sobre que tipo de governantes eles são.

O povo de Israel pediu ao profeta Samuel que lhes desse um rei. Samuel orou e Deus lhe disse o que um rei seria para o povo. Primeiro, ele tomaria seus filhos para servi-lo e para ficar nas forças armadas – embora este fosse um serviço voluntário na época dos juízes, convocado apenas quando necessário. Um rei também tomaria as filhas do povo para servi-lo. Ele exigiria impostos de suas colheitas e animais, e confiscaria terras para dá-las aos seus servidores (1 Sm 8.4-18). Em 1 Reis 21.1-16 há um relato sobre um campo confiscado[1]. Outro relato acerca do fardo dos reis está em 1 Reis 12.1-19.

Roboão, filho de Salomão, consultou os homens idosos que haviam trabalhado com seu pai, e eles lhe disseram que o povo o amaria se ele o servisse e fosse bom para ele. Então, consultou ele os jovens de sua idade, e estes lhe disseram para tornar o fardo do povo ainda mais pesado do que aquele que seu pai impusera. Roboão deu ouvidos aos jovens. Ele enviou um coletor de impostos para as tribos de Israel, a quem o povo apedrejou [1 Cr 10.18]. Essa parte do reino dividiu-se e escolheu um outro rei. Os colonos americanos fizeram o mesmo. Quando os fardos do rei se tornaram pesados demais, eles não exatamente apedrejaram os coletores de impostos, mas lançaram seus navios carregados de chá em Boston, e separaram-se da Inglaterra[2].

Os fundadores da América sabiam, a partir de Isaías 33.22, que o governo civil requer três funções: “Porque o SENHOR é o nosso juiz, o SENHOR é o nosso legislador, o SENHOR é o nosso Rei”. No reino de Cristo, Jesus será juiz, legislador e rei, mas nos reinos terrenos as pessoas são pecadoras, e governos tornam-se corruptos se poder demais for concentrado nas mãos de um só indivíduo. Então, os fundadores criaram três esferas de poder e dividiram os poderes em judicial, legislativo e executivo. Cada esfera poderia observar as outras e tentar preservá-las de serem como Roboão.  

Governos tendem a adquirir continuamente mais poder para si mesmos. No comunismo, os líderes têm controle absoluto sobre todas as coisas. Em nações livres, as pessoas temem a palavra “comunismo”. Então, líderes astuciosos usam outras palavras em seu lugar. Uma delas é socialismo. Outra é progressismo. Isso soa bem até você investigar para qual direção eles querem progredir. Muitos movimentos com outros nomes são os meios usados pelos comunistas para esconder o seu verdadeiro caráter.

Na política americana, “conservadores” e “liberais”[3] são os rótulos partidários atuais que as crianças podem começar a entender. Os conservadores apoiam um estado mínimo, menos impostos e pessoas tocando suas vidas sem tanta interferência do governo. Liberais apoiam um estado grande administrando todos os tipos de programas para as pessoas – o que, naturalmente, exige altos impostos também. Os republicanos deveriam ser mais conservadores, mas, na prática, muitos dos membros de ambos os partidos votam a favor de programas que distribuem o dinheiro do contribuinte porque isso lhes garantirá os votos daqueles que recebem as benesses. As acepções para cada rótulo e partido político mudam ao longo do tempo na história.

Use os eventos atuais, bem como sua história e estudos cívicos para ajudar as crianças a entender as complexas questões do governo civil gradualmente, e sempre tente comparar com os princípios bíblicos.

Checklist

Aqui está uma lista de tópicos sobre os quais você pode desejar falar ou ler para os seus filhos:


1.      O que farão os reis? (1 Sm 8.4-18);
2.      O que fez o rei Acabe? (1 Rs 21.1-18);
3.      O que fez o rei Roboão? (1 Rs 12.1-19);
4.      As três esferas de poder dos EUA;
5.      Comunismo;
6.      Conservadores;
7.      Liberais.


***
Fonte: BEECHICK, Ruth. A Biblical Home Education: Building yourhomeschool on the foundation of God’s Word. B&H Publishing, 2007. p. 71-72 (“Government and politics”, subseção do cap. 4, “Worldviews to Match the Bible”).

Tradução de Leonardo Bruno Galdino.




[1] Sobre esse episódio, escrevi um pequeno texto aqui: http://lbgaldino.tumblr.com/post/131723558815/a-democracia-de-jezabel-ou-simplesmente-a. (Nota do Tradutor.)
[2] “Festa do Chá de Boston (Boston Tea Party, em inglês) é a designação dada a uma ação de protesto executada pelos colonos ingleses na América contra o governo britânico, no qual se lançaram três navios carregados de chá pertencentes à Companhia Britânica das Índias Orientais atirando-os às águas do Porto de Boston. O incidente, que teve lugar a 16 de Dezembro de 1773, constituiu-se em um evento-chave no desenrolar da Revolução Americana e permanece como um acontecimento-ícone na História dos Estados Unidos. Os colonos disfarçaram-se de índios para invadir os navios da Companhia e atirar a carga de chá ao mar. O mentor do protesto, John Hancock, viria a ser Governador”. Fonte: Wikipédia. (Nota do Tradutor.) 
[3] Na política americana, ser “liberal” equivale a ser de esquerda – ou seja, a apoiar um estado grande e interventor. Na Europa (e também no Brasil), liberal significa alguém que apoia exatamente o oposto: um estado mínimo, menos intrusivo na economia e na vida do cidadão – embora devamos dizer que nem todo liberal (na acepção europeia) seja conservador em termos de moralidade e religião, como o são os legítimos conservadores americanos. (Nota do Tradutor.)

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