Ouvi essa frase de um irmão quando conversávamos sobre a crise que assola os púlpitos de nossas igrejas. A falta de clareza expositiva, bem como a eficácia na aplicação do sermão ao coração dos ouvintes tem sido marcas não registradas na voz daqueles que, a bem do ofício, deveriam ser arautos de Deus. Hoje, gasta-se muito em arame farpado, madeira e prego, mas quase nada em pastos realmente verdejantes para o rebanho. Gostaria de apontar algumas razões para isso.
Em primeiro lugar o grande problema está no desprezo (ou falta de preparo mesmo!) de muitos pastores à pregação expositiva. Está cada dia mais difícil ver um pastor destrinchar o texto bíblico. O atrativo moderno são sermõezinhos tópicos de três pontos, duas ou três estorinhas engraçadas e pronto, "vão na benção, meus irmãos". Às vezes até (pra não dizer que eu não falei das flores) fazem advertências contra falsos ensinos, mas sem expor a verdadeira doutrina. Augustus Nicodemus costuma dizer que o grande problema não está somente no que o pastor fala, mas no que ele deixa de falar. Isso quando eles não fazem aberrações exegéticas. Certo dia estava no ônibus e subiu um desses pregadores itinerantes de coletivos. Ele disse que "a Bíblia diz que Cristo virá como um ladrão na noite, e o ladrão só veio pra matar, roubar e destruir". Pode ser que um pastor não chegue a esse extremo, mas, se ele deixa de expor o texto, na prática, produzirá resultados semelhantes ao do pregador que citei (uma mulher começou a rir no ônibus e ele a chamou de "macumbeira").
Em segundo lugar está a impressão que muitos pastores tem de que seus ouvintes não estão mais "suportando" a pregação. Sei que eles (os pastores) estão certos em muitos casos. Aliás, é o que Paulo diz a Timóteo ("Nos últimos tempos os homens não suportarão mais a sã doutrina. Sentirão como que coceiras nos ouvidos" - 2Tm 4.3). Mas o apóstolo não disse "olha, Timóteo, não enche a paciência dos irmãos não! Seja o mais breve e menos profundo possível na sua pregação"! Não. Ele disse "prega a palavra", e sabemos o que Paulo entendia ser uma verdadeira pregação da Palavra, não é mesmo? Acredito que o grande problema é que os pregadores parecem não crer na atuação poderosa do Espírito pela ministração fiel da Palavra, e ficam procurando uma forma de "enrolar" o rebanho. Uma certa ovelha chegou para o seu pastor e disse: "Pastor! Tenho sido muito abençoada com a sua pregação. O senhor não tem idéia"! O pastor, muito surpreso, disse: "Fico feliz por isso, irmã. Mas, no que especificamente minhas pregações a tem abençoado"? Ela respondeu: "É que ultimamente eu tenho tido problemas de insônia, e a sua pregação tem me abençoado por isso! Durmo tão bem quando o senhor tá falando, pastor"! Essa estória é fictícia (pra ser honesto [mas a do ônibus foi verdade mesmo!]), mas o que acontecerá com a saúde da igreja se tendências como essas se afirmarem como fatos? E, "venhamos e convenhamos", sabemos que a linha que separa a ficção da realidade, nesse caso, é bastante tênue.
E em terceiro lugar há uma relutância por parte dos pastores em admitir que seus sermões não estão sendo edificantes para as suas congregações. Acredito que pior do que não pregar expositivamente e do que achar que as ovelhas estão cansadas é não reconhecer que o auditório é reflexo do púlpito. Não estou sugerindo, aqui, um discurso pragmático, que dê resultados. Todavia, acredito que pregações genuinamente bíblicas dão, sim, resultados, sejam eles para encher ou até mesmo esvaziar mais a igreja. O próprio ministério de Jesus ilustra bem o que acabo de dizer. Numa certa ocasião, quando Jesus apontou a incredulidade de muitos dos seus seguidores, muitos O abandonaram (Jo 6.64-66). Não dá para entender como é que muita gente insiste em dar "murro em ponta de faca" (e a faca cega da flacidez doutrinária!). Discursos vazios, totalmente desprovidos de poder do alto, lotam a agenda dos relutantes pastores que não veem (o "vêem" foi abolido pela Reforma Ortográfica!) que o rebanho quer pastos verdejantes tanto quanto precisam de uma cerca resistente. "Deitar-me faz em verdes pastos; guia-me para junto das águas tranquilas", é a descrição que Davi encontrou de um pastor que cuida bem de suas ovelhas (Sl 23.2).
Alguém já disse que "a crise da igreja é fruto da crise na pregação", e esse sinal tende a se tornar cada dia mais pujante. A menos, é claro, que se invista no pasto tanto quanto na cerca (embora, por uma questão lógica, uma coisa deveria pressupor a outra).
Em primeiro lugar o grande problema está no desprezo (ou falta de preparo mesmo!) de muitos pastores à pregação expositiva. Está cada dia mais difícil ver um pastor destrinchar o texto bíblico. O atrativo moderno são sermõezinhos tópicos de três pontos, duas ou três estorinhas engraçadas e pronto, "vão na benção, meus irmãos". Às vezes até (pra não dizer que eu não falei das flores) fazem advertências contra falsos ensinos, mas sem expor a verdadeira doutrina. Augustus Nicodemus costuma dizer que o grande problema não está somente no que o pastor fala, mas no que ele deixa de falar. Isso quando eles não fazem aberrações exegéticas. Certo dia estava no ônibus e subiu um desses pregadores itinerantes de coletivos. Ele disse que "a Bíblia diz que Cristo virá como um ladrão na noite, e o ladrão só veio pra matar, roubar e destruir". Pode ser que um pastor não chegue a esse extremo, mas, se ele deixa de expor o texto, na prática, produzirá resultados semelhantes ao do pregador que citei (uma mulher começou a rir no ônibus e ele a chamou de "macumbeira").
Em segundo lugar está a impressão que muitos pastores tem de que seus ouvintes não estão mais "suportando" a pregação. Sei que eles (os pastores) estão certos em muitos casos. Aliás, é o que Paulo diz a Timóteo ("Nos últimos tempos os homens não suportarão mais a sã doutrina. Sentirão como que coceiras nos ouvidos" - 2Tm 4.3). Mas o apóstolo não disse "olha, Timóteo, não enche a paciência dos irmãos não! Seja o mais breve e menos profundo possível na sua pregação"! Não. Ele disse "prega a palavra", e sabemos o que Paulo entendia ser uma verdadeira pregação da Palavra, não é mesmo? Acredito que o grande problema é que os pregadores parecem não crer na atuação poderosa do Espírito pela ministração fiel da Palavra, e ficam procurando uma forma de "enrolar" o rebanho. Uma certa ovelha chegou para o seu pastor e disse: "Pastor! Tenho sido muito abençoada com a sua pregação. O senhor não tem idéia"! O pastor, muito surpreso, disse: "Fico feliz por isso, irmã. Mas, no que especificamente minhas pregações a tem abençoado"? Ela respondeu: "É que ultimamente eu tenho tido problemas de insônia, e a sua pregação tem me abençoado por isso! Durmo tão bem quando o senhor tá falando, pastor"! Essa estória é fictícia (pra ser honesto [mas a do ônibus foi verdade mesmo!]), mas o que acontecerá com a saúde da igreja se tendências como essas se afirmarem como fatos? E, "venhamos e convenhamos", sabemos que a linha que separa a ficção da realidade, nesse caso, é bastante tênue.
E em terceiro lugar há uma relutância por parte dos pastores em admitir que seus sermões não estão sendo edificantes para as suas congregações. Acredito que pior do que não pregar expositivamente e do que achar que as ovelhas estão cansadas é não reconhecer que o auditório é reflexo do púlpito. Não estou sugerindo, aqui, um discurso pragmático, que dê resultados. Todavia, acredito que pregações genuinamente bíblicas dão, sim, resultados, sejam eles para encher ou até mesmo esvaziar mais a igreja. O próprio ministério de Jesus ilustra bem o que acabo de dizer. Numa certa ocasião, quando Jesus apontou a incredulidade de muitos dos seus seguidores, muitos O abandonaram (Jo 6.64-66). Não dá para entender como é que muita gente insiste em dar "murro em ponta de faca" (e a faca cega da flacidez doutrinária!). Discursos vazios, totalmente desprovidos de poder do alto, lotam a agenda dos relutantes pastores que não veem (o "vêem" foi abolido pela Reforma Ortográfica!) que o rebanho quer pastos verdejantes tanto quanto precisam de uma cerca resistente. "Deitar-me faz em verdes pastos; guia-me para junto das águas tranquilas", é a descrição que Davi encontrou de um pastor que cuida bem de suas ovelhas (Sl 23.2).
Alguém já disse que "a crise da igreja é fruto da crise na pregação", e esse sinal tende a se tornar cada dia mais pujante. A menos, é claro, que se invista no pasto tanto quanto na cerca (embora, por uma questão lógica, uma coisa deveria pressupor a outra).
16 comentários:
Amado a tua preocupação é legítima e compartilhada por todos os que amam a "genuína" Palavra de Deus. Oremos por um despertamento de consciências para a volta aos princípios do "Sola Scriptura"
Soli Deo Glória!!
Lourival Nascimento
Deus te abençoe ricamente no seu ministério.
Seja bem-vindo, e sempre para a Glória de Deus!
COMUNIDADE PROF. LUIS CAVALCANTE
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19801686
Fones(11) 3448-3124 / 9675-4019
e
www.luiscavalcante.com
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http://direitoreformacional.blogspot.com
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http://economiareformacional.blogspot.com
e
http://pedagogiareformacional.blogspot.com
e
Soli Deo Gloria / Sola Scriptura / Sola Fide / Sola Gratia / Solus Christus
Leonardo,
Boa postagem. Continue firme na fé reformada!
Abraços,
Augustus
Augustus; Pr Lourival; Prof. Luis Cavalcante,
Obrigado pelo apoio. Espero continuar publicando artigos que enalteçam a Deus, e espero fazê-lo semanalmente, em princípio. Saibam que seus comentários, críticas e colocações em muito me ajudam a continuar motivado a escrever, pois é uma atividade que amo muito. Espero que continuem a visitar esse blog, pois para mim é uma grande honra.
Abraços!
Soli Deo Gloria!
Olá!
Entrei no seu blog via "tempora-mores". É sempre bom visitar os irmãos que compartilham da fé cristã reformada.
Apenas gostaria de dar uma sugestão. Sempre fico grilado com blogs que têm fundo preto e letra clara. Fundo claro e letra escura, buscando sempre um contraste que facilite a leitura, para mim é sempre o ideal. Principalmente para aqueles que não buscam outro atrativo senão as idéias que estão sendo veículadas.
É apenas uma sugestão!
Por fim, parabéns pelo trabalho.
Leonardo,
Ótima postagem! É impressionante o rumo que o evangelicalismo tem tomado.No mundo de hoje é retirada do centro da Fé as Escrituras e passa a colocar como centro, o homem e seus prazeres pós-modernos.
Parabéns pelo blog, espero que continue postando artigos desse porte!
Soli deo gloria!!!
Concordo, e acrescento uma pergunta: Por que muitas igrejas de tradição reformada não exigem de seus pastores que se dediquem em tempo integral em seus oficios. Conheço pastores que, além da docência na Igreja, tem outras duas atividades remuneradas. Me diga. Como pode este pastor visitar as ovelhas. Como pode este pastor preparar sermões claros e contundentes. É lamentável! Muita coisa tem de mudar, a começar pela n ossa casa.
Pb Rogério Nery,
Obrigado pelo comentário e pela observação digamos, "técnica" que você fez da cor do blog e coisa e tal. Realmente, meu único interesse é que as pessoas leiam os artigos, pois não tem links ou banners de propaganda de qualquer espécie no blog (a não ser links de outros blogs).
Um abraço e volte sempre (kkkk)!
Felipe Inácio,
Fico grato pelo seu comentário e espero interagir mais com pessoas como você, que sejam dedicadas à fé reformada e sólidas em suas convicções. Afinal, esse é um dos objetivos deste blog.
Abraços!
Lucio Mauro,
Também tenho observado essa tendência de se "alternativizar" o pastoreio e priorizar atividades que deveriam ser extras. Infelizmente isso também tem acontecido em igrejas de cunho reformado.
Estarei escrevendo sobre isso novamente em breve, espero.
Abraços!
Caro irmão e amigo Galdino,Excelente postagem! Que Deus continue te abençoando dessa forma tão especial de abençoar-nos.
O de sempre,
André Peixoto
Olá!!!
Meu irmão tenho a preocupação que a sua. Fui ordenado a um ano, e durante esse periodo realmente tenho me empenhado na pregação expositiva (pelo menos tento...). Mas constatei que a grande maioria dos meus colegas deixaram de lado a tentativa serem expositivos. A minha oração é para que a mesma coisa nao venha acontecer comigo e com tantos outros colegas recem formados, o total desinteresse pela pregação expositiva.
Que Deus nos abençoe!
cara!!!
Bela postagem que você possa continuar sempre assim! quanto a sua preocupação em relação a verdadeira exposição bíblica em que alguns pastores não a executam, tenho também me preocupado e até me entristecido, pois muitas vezes tenho ido a igreja para buscar um bom conteúdo da palavra de Deus e na realidade tenho encontrado certos sermões vazios onde muitas vezes prefiro ficar em casa buscando um bom conteúdo bíblico na net ou até mesmo assistindo algumas pregações bem expositiva como a de alguns pastores "algustus nicod",Juanribe paiarin, etc...ou até mesmo estudando e buscando na palavra de Deus um bom conteúdo bíblico para a minha edificação espiritual,certa vez eu disse para a minha esposa o que seria de nós se ficássemos dependendo de certos sermões vazios e não nos preocuparsemos em buscar a palavra de Deus, pois muitos irmãos tem se esfriado e até mesmo caiados por estarem dependendo de receber sermões vazios de certos pastores,como criança recém nascida que só recebe alimento quando alguém dá numa colher na boca, muitos estão vivendo assim só abrem a bíblia no dia de culto ou quando vão na igreja pois esperam como bebê que pastor dê bíblia numa colher na sua boquinha.
oremos para que os pastores possam se preocuparem em dá verdadeiro sermões expositivos e de bom aproveitamento para o rebanho.
um abraço terra.
eduardo terra.
Olá Bruno,
Estou visitando seu blog pela primeira vez, e bastante impressionado com a qualidade dos textos.
Estarei linkando seu blog no Púlpito Cristão, e espero com isso enviar algumas visitas pra cá.
Pax et Bonum,
Leonardo.
Meu caro Leonardo (Xará - rsrs!),
Muito obrigado pela visita e pelo "intercâmbio de blogs".
Um grande abraço!
Realmente é uma vergonha constatar como certos pregadores usam a Bíblia ao sel bel-prazer e deixam as ovelhas com inanição espiritual.
Pb. Edinei Siqueira, Th.B
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