Há alguns dias atrás assisti ao filme “Ensaio sobre a cegueira”, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles. O filme é baseado na obra homônima do escritor português José Saramago, vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1998, e conta o drama de uma população assolada por uma estranha epidemia de cegueira. Talvez o fato mais curioso disso tudo é que, em vez de enxergarem tudo escuro, os cegos enxergam tudo branco. É uma espécie de “treva branca”, como alguém já disse.
Não li o livro de Saramago. Aliás, como todo brasileiro que se preze, resolvi pegar um atalho e “pulei” direto para o filme. Embora todo filme destoe um pouco do livro em que se baseia, o âmago da estória é o mesmo (pelo menos nesse caso).
O dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa define ensaio como sendo uma “prosa livre que versa sobre tema específico, sem esgotá-lo, reunindo dissertações menores, menos definitivas que as de um tratado formal, feito em profundidade”. Ao contrário de Saramago, Jesus tratou o tema da cegueira humana com muita profundidade, mesmo usando poucas palavras. Os Evangelhos nos dizem que Jesus curou muitos cegos (Mt 15.30; Mc 10.52; Lc 7.21; Jo 10.21). Teve até uma ocasião em que Ele usou lama, feita com terra e cuspe (Jo 9.6,7).
Entretanto, o pior tipo de cego com quem Jesus se deparou foram aqueles que pensavam que enxergavam. Eram os hipócritas religiosos, que guiavam seus seguidores para a mesma ruína a que se dirigiam (Mt 15.14). Ressentidos pelo fato de Jesus ter curado um cego de nascença, fato até então inédito na história da humanidade (Jo 9.32), eles criticaram duramente a Jesus, que lhes respondeu: “Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos” (Jo 9.39). Inconformados com a afronta do Messias eles perguntaram: “Acaso, também nós somos cegos?” (Jo 9.40). Jesus retrucou: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado” (Jo 9.41).
A humanidade tem uma grande dificuldade em admitir sua cegueira, pior do que aquele tipo de velho ranzinza que resiste em procurar ajuda médica. Por mais que os discursos humanistas de auto-ajuda digam que devemos olhar o mundo a partir de uma ótica otimista, isso não passa de uma tremenda “treva branca” – não importa o degradê que se aplique ao breu. Na sua Segunda Carta aos Coríntios o apóstolo Paulo nos diz que “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2Co 4.4). Isso só confirma ainda mais o primeiro ponto da “TULIP” calvinista: a Total Depravação da humanidade. O ser humano não somente detesta a luz, mas é incapaz de contemplá-la. Cristo é o único “oftalmologista espiritual” que pode dar jeito nessa cegueira.
O dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa define ensaio como sendo uma “prosa livre que versa sobre tema específico, sem esgotá-lo, reunindo dissertações menores, menos definitivas que as de um tratado formal, feito em profundidade”. Ao contrário de Saramago, Jesus tratou o tema da cegueira humana com muita profundidade, mesmo usando poucas palavras. Os Evangelhos nos dizem que Jesus curou muitos cegos (Mt 15.30; Mc 10.52; Lc 7.21; Jo 10.21). Teve até uma ocasião em que Ele usou lama, feita com terra e cuspe (Jo 9.6,7).
Entretanto, o pior tipo de cego com quem Jesus se deparou foram aqueles que pensavam que enxergavam. Eram os hipócritas religiosos, que guiavam seus seguidores para a mesma ruína a que se dirigiam (Mt 15.14). Ressentidos pelo fato de Jesus ter curado um cego de nascença, fato até então inédito na história da humanidade (Jo 9.32), eles criticaram duramente a Jesus, que lhes respondeu: “Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos” (Jo 9.39). Inconformados com a afronta do Messias eles perguntaram: “Acaso, também nós somos cegos?” (Jo 9.40). Jesus retrucou: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado” (Jo 9.41).
A humanidade tem uma grande dificuldade em admitir sua cegueira, pior do que aquele tipo de velho ranzinza que resiste em procurar ajuda médica. Por mais que os discursos humanistas de auto-ajuda digam que devemos olhar o mundo a partir de uma ótica otimista, isso não passa de uma tremenda “treva branca” – não importa o degradê que se aplique ao breu. Na sua Segunda Carta aos Coríntios o apóstolo Paulo nos diz que “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2Co 4.4). Isso só confirma ainda mais o primeiro ponto da “TULIP” calvinista: a Total Depravação da humanidade. O ser humano não somente detesta a luz, mas é incapaz de contemplá-la. Cristo é o único “oftalmologista espiritual” que pode dar jeito nessa cegueira.
Soli Deo Gloria!
10 comentários:
Olá, Leonardo!
A abordagem em João foi interessante, irmão! Gostei do link com o filme, Leonardo. A cegueira física e a sua cura, de fato, apontavam para aquilo que Jesus faria nos olhos da alma do homem. E encontramos um princípio comum: em ambos os casos o homem não podia se curar!
Depois de meditar no seu post, percebi que a linguagem da "cegueira" tb foi utilizada pelo apóstolo Paulo equanto ele traçava a universalidade do pecado no homem e a sua total depravação na carta aos Romanos, a qual o irmão chegou a citar no texto.
"Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, CLARAMENTE se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;". Parafraseando Schaeffer, o cego sem a bíblia, condenado.
Mais a frente, ao falar dos judeus (os cegos com a bíblia) e antes de concluir o seu pensamento (em Rm 3.9), Paulo diz:
"que estás persuadido de que és guia dos cegos, luz dos que se encontram em trevas," (Rm 2.19)
Amarrando o racínio, cito estas palavras: "O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más" (Jo 3.19)
"Não há temor de Deus diante de seus olhos." (Rm 3.18)
Estarei acompanhando este blog, meu irmão ortodoxo-reformado-presbiteriano-calvinista, rsrs
Abç!
umpcgyn.blogspot.com
Shalom!
1. Caro Leonardo, parabéns pelo blog, bem como a temática que desenvolveste.
2. Antonio Vieira, foi um ilustre pregador. Ele disse que há cegos piores que Bartimeu. São aqueles que não querem ver. Ao cego de Jericó que não tinha visão, Ele fez que ele visse.
3. A outra cegueira pior do que Bartimeu, é ver uma coisa e enxergar outra bem diferente. Eva viu exatamente o que não deveria ver e como deveria ver. Viu o que NÃO deveria ver, porque o fruto era venenoso. Viu COMO não deveria ver, porque viu apenas aquilo que lhe agradava à vista e o paladar, mas iria arruinar com sua vida por completo.
um grande abraço, Pr Marcello Oliveira
P.s > visite:
http://davarelohim.blogspot.com/ - e leia o texto: Pérolas sobre a cruz, e o Trono de Deus - Ap 4
Danilo,
Obrigado pelas observações. Realmente, o assunto é bastante extenso. Mas o fato é que eu não queria me alongar demais, muito embora dezenas de textos saltassem em minha mente. Meu objetivo foi apenas refletir em poucas palavras sobre a temática proposta pelo filme citado.
Abraços!
Caro Leonardo:
parabéns pelo post. Muito bem escrito. Gosto muito da crítica que procura resgatar a temática bíblica por trás dos incidentes do nosso cotidiano. Isso ajuda a nossa sintonia com os propósitos e diretrizes divinas.
Continue!
Solano Portela
Irmão Leonardo,
cadê o outro post pra gnt comentar e debater mais, kkk...?
Postei algo mais teológico lá no umpcgyn dessa vez.
Um grande abraço.
Graça e paz, em Jesus, o Filho de Deus. Amém!
Caro Solano,
Obrigado pelo comentário. Isso nos estimula a continuar observando, escrevendo, refletindo...
Abraços!!!
Caro Danilo,
Realmente, estou em dívida para com o blog (dois meses, pelo menos!). Tenho pensado em muitos assuntos pra escrever, mas falta aquele "insigth" que toma de súbito o escritor, sabe (kkk!)? Assim como você, tenho procurado alternar entre o teológico e o, digamos, transversal, para que o blog agrade a um público mais amplo. Continuemos em nossa árdua lida: escrever.
Um grande abraço!
Leonardo,
embora o próprio Saramago tenha se contentado com a lente de Fernando Meireles, ler o livro "libera" a mente para que se retrate toda a crueza descrita com maestria pelo autor.
A película tem seus limites e, reconhecendo que Meireles fez muito bem o que sabe, ler Saramago é uma visão peculiar.
Avaliando por um "prisma cristão", Saramago vê muito bem o homem (caído), refém e vítima - seu próprio algoz - preso às suas necessidades primárias, separado de uma relação genuína com o seu semelhante. Imagine se Saramago não fosse ateu...
Feliz cada novo dia...
Leo, Fortaleza do meu Ceará.
Leo (anônimo),
Realmente, assistir ao filme é muito diferente de ler o livro. O livro tem suas nuances específicas, que não são possíveis de materializar em um filme. Mas o filme me fez perceber que Saramago quis mesmo expor a fragilidade humana no seu livro (li uns trechinhos - rsrs!). A luta por sobrevivência em meio ao caos é uma execelente mostra disso, o que Meirelles magistralmente ressaltou. Desonestidade, ganância e cobiça pelo poder foram apenas alguns dos "instintos" de uma humanidade decaída que logo nos saltam aos olhos no desenrolar do filme. Mas, fico muito grato pelo seu comentário. A realidade é que eu não quis fazer uma "resenha" extensa do filme. Apenas aproveitei o tema para falar da nossa total incapacidade de auto-redenção.
Um grande abraço!!!
Leonardo, assisti um filme excelente. "O Curioso Caso de Benjamim Button". Se você não viu, vale a pena locar e assistir ele. Até pensei em escrever algo sobre, mas até agora só tá no pensamento.
Grande abraço, irmão!
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