quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sandálias, sexo e terceira idade (o que é que a "Havaianas" tem?)

O que é que sandálias tem a ver com sexo? Para o pessoal das famosas Havaianas, tudo a ver. A marca exibiu, há pouco tempo atrás (e por pouco tempo), uma campanha publicitária (clique aqui) onde uma neta e sua avó conversavam num restaurante. O ator Cauã Reymond entra no recinto, e a avó diz à sua neta que é de um cara desses que ela precisa. Sua neta responde que deve ser muito “chato” casar com um famoso. Então, a avó diz à sua neta: “Mas quem falou em casamento? Estou falando é de sexo!”. Sua neta fica estupefata com a declaração da avó, que completa: “e ainda sou eu que sou atrasada?”. Depois da reclamação de muitos consumidores, a agência responsável pela propaganda resolveu tirá-la do ar. Em contrapartida, outra campanha (clique aqui) foi feita, agora para justificar porque a anterior foi suprimida. Na atual campanha, a mesma vovó diz que “em respeito a elas [às pessoas que reclamaram da propaganda] a Havaianas decidiu tirar o comercial da TV”. Porém, como houve também aqueles que amaram a propaganda, a vovó (com um sorriso mais largo do que o anterior) ainda diz que “em respeito a elas, a Havaianas decidiu manter o comercial na internet” (como se a internet fosse tão inacessível hoje em dia), exaltando a decisão “democrática” da Havaianas. Ela conclui sua participação (se é que será a última, mesmo) dizendo ao telespectador: “viu como eu sou moderninha”?

Não é de hoje que o sexo é o assunto central das propagandas publicitárias. Hoje em dia qualquer comercial, seja de sandálias, postos de gasolina, cerveja (principalmente) e etc. tem que apelar para a sensualidade para se manter vivo num mercado cada vez mais competitivo (se eu não falar de sexo, outro vem e fala). Os publicitários imaginam que, estimulando a libido da massa, o produto terá maior aceitação no mercado. E é exatamente isso que acontece. Se a lógica do capitalismo (selvagem) é criar necessidades para então satisfazê-las, então por que não criar uma necessidade sexual numa sociedade ávida por sexo, com o fim exclusivo de “ganhá-la”? Se esse recurso ajuda, então por que não lançar mão dele? Qual o problema nisso? Se o produto tem a ver com sexo, pouco importa. O que importa é ser “moderninho”.

O que mais me impressionou nisso tudo foi até que ponto uma senhora já de idade se submeteu para ganhar uns trocados (R$). De repente ela nem acredite na bandeira que levantou na propaganda. Mas, quando o dinheiro fala mais alto, até os cabelos brancos baixam a voz. Quantos por cento será que a vovó da Havaianas representa para a parcela da velha-guarda? Será que além dela existem mais vovós e vovôs aderindo a essa ideia? Se a resposta for positiva, quem ficará com a parte “chata” da moral e dos bons costumes?

Não creio que um discurso moralista dará jeito nessa situação. Tudo isso que acontece aponta para a derrocada moral dos nossos tempos. Nossa sociedade assina, dia após dia, o seu próprio atestado de falência. E quando a indecência é intrínseca, não importa a idade. A “Juventude Transviada” (1955) de James Dean já chegou à terceira idade, e nada parece ter mudado. Agora ela é uma “Terceira Idade Transviada” (se depender da vovó da Havaianas). Não sei quantas pessoas reclamaram da propaganda junto aos órgãos públicos, se é que alguém o fez. Ao que tudo indica, a propaganda saiu do ar porque os consumidores reclamaram à própria empresa que a veiculou, e como ela viu que poderia perder dinheiro, tirou-a do ar (somente do “ar” televisivo) e depois se explicou, em outra propaganda, para mostrar o seu “compromisso” com sua clientela. Também não sei se a reclamação foi por causa da propaganda do sexo ou se foi por causa do denegrimento da imagem do pessoal da terceira idade. Se foi pela primeira causa ou pela segunda, ou ainda por ambas, o fato é que a reclamação em si foi um aspecto positivo. Mas, embora haja algum louvor nisso, ainda não é o suficiente. Se os reclamantes não forem transformados em “novas criaturas” (2Co 5.17), continuarão sendo trevas, ainda que guardiões da moral e dos bons costumes. É preciso algo mais do que simplesmente reclamar: “necessário é nascer de novo” (Jo 3.7). E isso não fará com que eles deixem de usar as sandálias Havaianas, e sim, que rejeitem certas "sugestões" de sua parte.

Soli Deo Gloria!!!


P.S.: Ah! Respondendo à pergunta da paráfrase a Carmem Miranda no título desta postagem, a "Havaianas" não apenas calça os seus pés, mas também tem muito "amor" (sexo) pra dar.



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5 comentários:

Cristão Reformado disse...

Paz Leonardo,

Muito boa a tua postagem, tás antenado nas astutas ciladas na pós-modernidade.

Ednaldo.

Unknown disse...

Fico triste de ver para onde muitos jovens como você estão indo, seguindo uma doutrina obsoleta incapaz de aceitar e reconhecer a própria natureza humana.

Todo mundo faz sexo, todos. Além disto as mulheres se emanciparam -- tem os mesmos direitos dos homem --, portanto merecem viver também e até fazerem sexo de quiserem. O mundo está mudando, estamos tendo consciência do que realmente somos, mamíferos inteligentes que fazem sexo.

A lei é evoluir para proporcionar melhor qualidade de vida para nós e para as próximas gerações, dogmatismo barato deve ser eliminado -- só fazem mal à humanidade -- lembre-se da idade média, a era das trevas.

Vamos viver e amar agora, no final da vida não haverá um Deus bondoso de braços abertos para nós mas sim um caixão ou coisa pior.

ps: não tenho a intenção de ofender ninguém.

Leonardo Bruno Galdino disse...

Caro Enaldo,

Obrigado por sua visita. É preciso estar "antenado" mesmo nas coisas que acontecem por aí (rsrsrs!).

Abraços.

P.S.: Estou devendo uma visita ao teu blog ):

Leonardo Bruno Galdino disse...

Caro Luiz Siqueira,

Antes de tudo, quero lembrar-lhe de que este é um blog cristão e que, por isso, os assuntos são tratados sob tal perspectiva (leia a descrição do blog).

Ao contrário do que você pensa, a Bíblia reconhece, sim, a natureza humana. Por exemplo, ela nos diz que Deus "conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó" (Salmos 103.14). Escrevendo aos Romanos, Paulo nos diz que "porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo" (Romanos 7.18). Mas isso não significa que essas nossas "fragilidades" servem para nos justificar, "pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3.23). E é justamente por isso que Deus condena essa natureza humana, que é pecadora. Se pra você essa é uma doutrina "obsoleta", saiba que eu também fico muito triste ao ver jovens como você indo por esse caminho.

No meu artigo eu não critiquei o ato do sexo em si, e sim, a banalização deste por meio de uma mídia apelativa e sem escrúpulos. Se você acha que "a lei é evoluir para proporcionar melhor qualidade de vida para nós e para as próximas gerações", eliminando, para isso, todo o "dogmatismo barato", que "só fazem mal à humanidade", então eu te faço a seguinte pergunta: em que nossa sociedade evoluiu com a "libertação sexual" (à qual você chama de "qualidade de vida")? Para um mundo onde a AIDS só aumenta ainda mais o número de suas vítimas? Se você acha que se opor a tudo isso é remontar à Idade Média, então me mostre algo que comprove que o homem pós-moderno é mais "iluminado" do que o homem medieval.

Você sugere que vivamos e amemos agora, porque "no final da vida não haverá um Deus bondoso de braços abertos para nós mas sim um caixão ou coisa pior". É uma pena que você enxergue a vida desse prisma, meu jovem. Saiba que, no fim das contas (no fim das contas mesmo!), todos seremos julgados pelo Supremo Juiz das nossas almas (Hebreus 9.27), quer você creia, quer não. E mais: os "braços abertos" serão estendidos apenas para quem crer em Jesus Cristo (João 3.16). E para quem não crer, saiba que algo muito pior do que um caixão o espera.

Pense nisso.

Sem ofensas,
Leonardo.

Leonardo Bruno Galdino disse...

Caro Hermes,

Parabéns pelo seu blog também. Já estou seguindo-o.

Abraços!

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