sábado, 29 de maio de 2010

Carta a um jovem cristão que está se enchendo de teologia e esvaziando-se de Deus

[Dominar temas difíceis da teologia não é garantia nenhuma de felicidade espiritual. Muito pelo contrário: na maioria das vezes o conhecimento leva a um verdadeiro desânimo de alma. “Porque”, diz o Pregador, “na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza” (Ec 1.18). Recentemente recebi um e-mail de um amigo que, a despeito de seu talento como dedicado estudioso e expositor das Escrituras, hoje encontra-se no meio de uma medonha neblina espiritual – em suas próprias palavras, “o vento está balançando o meu barco, e só consigo ver Jesus dormindo”. Ele me pediu ajuda, o que resolvi fazê-lo escrevendo a carta que se segue, que é fictícia apenas em uns poucos detalhes. Espero que ela também possa servir para a edificação de outros que estejam passando por semelhante situação].

***

Caro Beltrão (*),

Seu e-mail me deixou muito preocupado, e faço questão de começar logo nesse tom para que você perceba a seriedade que o assunto encerra. Você bem sabe que tentar tapar o sol com a peneira não é do meu feitio. Portanto, não espere apenas leves chuviscos, mas prepare-se também para estrondosas trovoadas.

Quando nos reencontramos pela última vez fiquei sobremodo alegre em ver teu entusiasmo e empenho no estudo das Escrituras e da sã doutrina. Mesmo sendo ainda muito jovem, você já despontava na igreja como um exemplo a ser seguido. Em meu íntimo eu dava graças a Deus por existirem pessoas assim como você em nosso meio, sedentas por reforma e reavivamento espirituais. Mas ao mesmo tempo isso me gerava apreensão, e simultaneamente eu também orava a Deus para que sua história não tomasse o curso de tantas outras que terminaram em tragédia, a saber, a de jovens que, de tanto se encher de teologia, acabaram se esvaziando de Deus. Escrevo-te com o coração apertado, meu caro, lembrando momentos de minha própria trajetória, e dos perigos que ainda teimam em rondar por aqui.

Você me disse que, de uns tempos pra cá, tem sido atormentado por uma tristeza e certo desânimo decorrentes, vamos dizer assim, da “falta de experiências com Deus”. Penso que você esteja se referindo não àquele tipo de experiência mística tão comum nos círculos sensacionalistas da “fé”, mas à genuína comunhão espiritual ensinada nas Escrituras. Você cita uma pregação do Paul Washer (“Você é amado”), na qual ele diz que Deus por um tempo se afasta de jovens ministros a ponto de eles passarem por vários fracassos até chegarem ao momento de declararem o que Pedro diz em João 6:69, para dizer que se sente inseguro de se colocar na mesma posição deles. Ou seja, você parece duvidar que há um propósito corretivo de Deus por trás de tudo isso que você está passando, e o fato de você pensar assim é realmente preocupante. Sei que você até pode ter dito isto como que um desabafo, mas não é bom que fiquemos alimentando coisas desse tipo em nossas mentes, pois do contrário chegará o dia em que estas coisas solaparão de tal forma aquilo que nos convêm pensar (cf. Fp 4.8) que não nos restará mais nenhuma fagulha de esperança ou fé nas quais possamos buscar apoio. Não devemos dar lugar para que o diabo semeie incredulidade em nossos corações!

Mas você foi bem específico em uma coisa: você disse que as coisas pioraram depois de uma pregação sua em que você falou “algumas palavras fortes” à igreja. É muito comum jovens como nós se encantarem com os livros que lemos ou com as pregações que ouvimos, ainda mais quando as mesmas são “bombásticas” ou “chocantes”. “Nossa igreja precisa refletir nisso!” – é o que geralmente exclamamos. Mas o problema é quando começamos a nos enquadrar perfeitamente no tipo de pessoa criticada por nossos pregadores e escritores favoritos. E o pior de tudo é quando os pregadores somos nós! Agora entendo perfeitamente porque você se sente como um copo pela metade – cheio e vazio ao mesmo tempo, e do seu medo de ser “vomitado” por Deus, que detesta os mornos (cf. Ap 3.16). Essa sua preocupação é, de fato, legítima. Mas sabe o que é pior ainda, Beltrão? É quando, depois de pregarmos (ou até mesmo antes!), voltamos exatamente para a mesma lama à qual tanto advertimos nossos ouvintes para que saíssem. É como se a Palavra não surtisse nenhum efeito sobre nós, fazendo com que nos sintamos como os “decepcionados do Último Dia”, que ouvirão do próprio Cristo: “apartai-vos de mim, malditos!” (Mt 25.41-46).

Você também fala que está sendo “severamente tentado”. Bem, há diversas áreas em que um homem (independente se jovem ou não) pode ser tentado, mas penso que a maior delas seja a área sexual. Se não é bem a isto que você esteja se referindo, desculpe-me, mas permita-me tecer alguns comentários a respeito. Jaime Kemp costuma dizer que o homem enfrenta três grandes “barras” em sua vida (ou seja, três grandes tentações): a “barra” de ouro (dinheiro); a São João da Barra (uma marca de cachaça – álcool); e a “barra” de uma saia (a libido, ou o sexo). Novamente, penso que esta última seja a que mais nos incomoda, e acho que nem preciso provar isto. Sinceramente, Beltrão: não alimente esse tipo de coisa (falo da libido pecaminosa), porque é algo que vicia tanto que seus vestígios ainda permanecem na memória. Estamos lidando com algo realmente terrível – não brinque com isso; não teste a si mesmo.

De fato, toda essa série de coisas faz com que não sintamos mais aquela alegria espiritual que tanto marcou o início de nossa caminhada. Passamos a orar menos, nos alimentar menos da Palavra, e a adorar menos. Consequentemente, ficamos menos felizes, menos sábios (embora “mais” inteligentes) e menos próximos de Deus. É possível reverter isso?

Há uma passagem na Escritura que revela e muito como Deus nos molda à Sua vontade. É sobre quando Jesus avisou a Pedro que este o negaria. Mateus, Marcos e João descrevem apenas o aviso propriamente dito (Mt 26.31-35; Mc 14.27-31; Jo 13.36-38). Mas Lucas nos dá um “detalhezinho” interessantíssimo. Ele não apenas relata Jesus avisando a Pedro sobre sua negação, mas também revelando àquele pescador o que estava acontecendo nos bastidores da História:

Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos (Lc 22.31, 32).

Notou como são as coisas? Satanás fez com Pedro o mesmo que houvera feito com Jó. Ao contrário do que muita gente pensa, o objetivo do diabo não era o de testar a Pedro, e sim o de destruí-lo. Quem está provando a Pedro é o próprio Deus, que usou o diabo (Lutero dizia que o diabo é “o diabo de Deus”) como um instrumento para o aperfeiçoamento da fé do discípulo. Mas Pedro só não perdeu de vez a fé graças à intercessão de Cristo! Ele orou para que a fé do seu amado discípulo não se esvaísse, e ainda incumbiu-o com a missão de fortalecer a outros. Este foi o motivo pelo qual Pedro chorou amargamente após ter negado a Cristo, e não por remorso (igual a Judas Iscariotes), mas por arrepender-se verdadeiramente como Jesus havia predito. É o próprio Pedro quem vai dizer mais tarde que o diabo, nosso adversário, “anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”. Por este motivo é que ele nos recomenda sobriedade e vigilância (1Pe 5.8).

Beltrão. Você tem toda razão de estar “assustado” com essa situação. Mas não se desespere! Paul Washer está certo quando disse que Deus permite que jovens líderes passem por caminhos como o de Pedro com vistas ao próprio aperfeiçoamento deles. Às vezes somos exatamente igual ao impulsivo Simão Pedro: nos sentimos robustos, inabaláveis e “santos” demais, até que Deus dá uma “rasteira” em nosso ego, fazendo com que nos apoiemos única e exclusivamente em Seu poder. E Ele faz isto não por sadismo ou coisa parecida, mas por amor, pois ele disciplina a todos quantos ama, e somente a estes (Hb 12.6). Mas é necessário que haja arrependimento – mudança de mente e conduta. Deus nos disciplina, continua o escritor aos Hebreus, “para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade” (Hb 12.10). Não queira pagar para ver o que acontece com aqueles que fingem se arrepender. Deixe que os próprios exemplos da Bíblia e da história falem.

Espero não ter te desapontado, Beltrão. Pelo contrário, espero ter te ajudado. Nem tudo que falei acima se refere a você diretamente, mas procurei ser bem genérico, uma vez que seu caso é semelhante ao de muitos. Saiba que este que vos escreve também enfrenta as mesmas coisas que você. Às vezes penso que não há mais solução, que o pecado vai finalmente triunfar. Mas aí eu olho para a cruz. Ah, a cruz! Que seria de nós sem ela, ou melhor, sem Aquele que sobre ela padeceu, mas ressuscitou para nos assegurar a vitória final? Mas também não adianta ficar somente contemplando não – é preciso que oremos mais, que busquemos mais a Deus, que nos alimentemos mais da Sua Palavra e que desejemos mais e mais se parecer com Aquele que nos amou primeiro.

Trace seu próprio roteiro disciplinar. Pergunte a si mesmo do quê você mais precisa – se de bons livros de teologia ou de uma vida consagrada. Não que os livros sejam inúteis, óbvio que não! Mas que sua busca pela ortodoxia não ofusque sua busca pela ortopraxia.

Um grande abraço, e que Deus te ajude!

Att.

Leonardo.

Soli Deo Gloria!

P.S.: Para sua reflexão adicional, medite na canção abaixo (“Letra morta”, de Jorge Camargo):


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(*) Beltrão é um nome fictício.

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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Respostas aos exercícios propostos por Henry Virkler no livro “Hermenêutica Avançada”[2]

PC18: Os cristãos tem discutido muito sobre o tópico da ira, baseando-se em Efésios 4.26 (“Irai-vos…”). Analise o significado deste versículo e discuta se ele apóia ou não a opinião positiva da ira normalmente derivada dele.

Virkler, Henry A. Hermenêutica avançada. Editora Vida, 1989, p. 85.

“Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26): à primeira vista, este parece ser aquele tipo de mandamento bem sarcástico, algo do tipo “chupe aqui este limão bem azedo, mas sem fazer careta”. Isto, é lógico, se o texto for interpretado de forma indevida. Por este motivo, para uma interpretação mais acurada da aludida porção da Sagrada Escritura, vamos proceder a uma breve análise léxico-sintática (significado das palavras isoladamente – lexicologia, e da função que exerce dentro da frase – sintaxe) e, depois, a uma breve análise teológica (“como esta passagem se enquadra no padrão total da Revelação de Deus?”).

Análise léxico-sintática

É bastante significativo o fato de que o mandamento para irar-se (“irai-vos…”) esteja na voz passiva, enquanto que o mandamento para não pecar (“e não pequeis”) esteja na voz ativa. É como se isso quisesse dizer: “sejam tomados pela ira [voz passiva], mas não pequem [voz ativa]” – o que apoia a opinião da maioria teólogos, de que Paulo está se referindo a uma espécie de “ira santa”, movida por um genuíno zelo pela causa de Deus, e não por motivos pessoais.

Outro fator interessante é a partícula e (gr. kai) – “irai-vos, e não pequeis” – que tanto pode atuar como uma partícula conjuntiva aditiva (e.g., “eu e ela fomos ao cinema”), quanto como uma partícula conjuntiva adversativa (e.g., “ele foi e não voltou”). Se aditiva, então é como se Paulo presumisse que os efésios entenderiam o que ele estava querendo dizer; se adversativa, é porque Paulo queria adverti-los que o tipo de ira que ele estava recomendando não era uma ira carnal, e sim, como já dissemos, uma ira movida por um autêntico zelo pelas coisas concernentes a Deus (gosto de pensar que este último caso é mais apropriado para o contexto da passagem).

[Questões textuais]

A interpretação do referido texto, porém, não é tão simples quanto parece. E se Paulo estiver citando o Salmo 4.4, então a coisa fica ainda mais complicada. Por que? Porque uma das traduções possíveis para “irai-vos” no texto hebraico é temei (do verbo “temer”), o que é uma ideia apropriada à luz do contexto do Salmo em questão. Algumas versões bíblicas traduzem o referido termo (no Salmo) com esta mesma ideia:

  • “Stand in awe, and sin not” (“Temei, e não pecais” – King James Version);
  • “​​​​​​​Tremble with fear and do not sin!” (“Tremam com temor e não pequem!” – NET Bible);
  • “Pertubai-vos e não pequeis” (Almeida Corrigida e Fiel; e Almeida Revista e Corrigida);
  • “Tremei [de indignação] e não pequeis” (Bíblia Literal do Texto Tradicional Anotada).

A versão Revista e Atualizada de Almeida (ARA) parece basear-se na versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta (LXX), que utiliza a mesma palavra grega (orgizo) usada por Paulo no texto de Efésios. Isto indica que muito provavelmente Paulo tenha usado a LXX em vez do Texto Massorético (texto tradicional dos judeus, em hebraico). Mas isso definitivamente indica que Paulo não tinha o Salmo 4 em mente? Penso que, ainda assim, não dá para precisar.

Análise teológica

Se Paulo tinha ou não o Salmo 4 em mente, o fato é que, do ponto de vista teológico, a ira que ele recomenda aos efésios não é um tipo de ira carnal, e sim, uma ira, digamos, santa – uma ira motivada por um autêntico zelo pela causa de Deus. Por exemplo, foi este o tipo de ira que Jesus sentiu quando expulsou os vendilhões do templo, o  que fez com que seus discípulos lembrassem do Salmo 69.10: “O zelo da tua casa me devorará” (Jo 2.13-17). Esta, sim, é uma ira não somente justificável, mas também ordenada e incentivada pelas Escrituras.

Mas há ainda um outro tipo de ira com o qual devemos ter cuidado, sobre a qual o próprio Paulo adverte a Tito (Tt 1.7), aos colossenses (Cl 3.8) e aos próprio efésios (Ef 4.31), a saber, a ira que nos leva a pecar, seja por egoísmo, seja por excessos. Calvino, ao comentar Efésios 4.26,  disse que há três erros pelos quais ofendemos a Deus quando nos iramos: 1) “quando nos iramos por motivos sem importância, e às vezes, por nada, ou, pelo menos, por injúrias e ofensas pessoais” [tipo eu quando estou no trânsito – Arghhh!]; 2) “quando vamos longe demais, e nos deixamos levar pelo excesso emocional” [tipo Moisés quando bateu na rocha em vez de falar a ela – Nm 20.1-13] ; 3) “quando nossa ira, que deveria ser direcionada contra nossos pecados, se volta contra nossos irmãos” [tipo todos nós quando queremos tirar o cisco do olho alheio...]. Por estes motivos é que o reformador diz que “seja o zelo pela glória de Deus o que inflame a nossa ira”, e que cuidemos para que esta “seja aplacada, para que não suceda que ela se mescle com os violentos afetos carnais”. ABRE PARÊNTESE. Cá pra nós, a linha que separa uma coisa da outra é tão tênue! Tem misericórdia de nós, Senhor! FECHA PARÊNTESE.

Conclusão

Penso que o conselho de Paulo aos cristãos de Roma resume bem o que ele quis dizer aos de Éfeso: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira [de Deus], porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12.19). É mais ou menos o que diz Tiago: “Sabei isto, meus amados irmãos: Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus” (Tg 1.19,20). 

Questões para reflexão

  1. Que cuidados devemos tomar quanto à nossa ira contra a injustiça e desigualdade sociais, bem como quanto à corrupção política?
  2. Calvino diz que, “quanto aos outros, que nos iremos contra seus erros em vez de nos irarmos contra suas pessoas”. De que forma isto é possível?

Soli Deo Gloria!

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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Respostas aos exercícios propostos por Henry Virkler no livro “Hermenêutica Avançada”[1]

Quem ainda não possui ou leu o livro Hermenêutica avançada, de Henry A. Virkler (Editora Vida, 1987), não sabe o que está perdendo. Apesar de pequeno (apenas 197 páginas), o livro é muito bom, além de bastante prático e dinâmico, pois contém vários exercícios (sessenta e oito, ao todo) para os estudantes aprimorarem sua hermenêutica e exegese. Nas próximas postagens, procurarei responder (aleatoriamente) a alguns desses exercícios propostos pelo autor. Minha esperança é que isso seja útil a todos aqueles que desejam apresentar-se a Deus como “obreiro aprovado, que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 3.15).

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PC7: Um autor cristão estava analisando o modo de descobrir a vontade de Deus para a vida de alguém e insistia que a paz interior era um indicador importante. O único versículo que usou em apoio ao seu argumento foi Colossenses 3.15 (“Seja a paz de Cristo o árbitro em vossos corações”). Você estaria de acordo com ele, usando este versículo para provar sua alegação? Por que estaria, ou por que não?

Op. cit. p. 68.

Não estou de acordo com a interpretação do tal autor cristão. Por que não? Vejamos.

Paulo não está falando sobre como descobrir a vontade de Deus para a vida de alguém. Uma rápida olhada no contexto mostrará isso claramente:

    • 12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade,
    • 13 suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também.
    • 14 E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição.
    • 15 E a paz de Cristo, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos [Cl 3.12-15].

Está mais do que claro que o tal autor está inteiramente equivocado em sua aplicação do texto paulino. Paulo não está recomendando aos crentes colossenses que os mesmos recorram à paz de Cristo em seus corações como um indicador da vontade de Deus para as suas vidas, mas que eles deixem que esta mesma paz, para a qual foram eles “chamados em um corpo”, domine em seus corações. A palavra grega para dominar é a palavra βραβευέτω (brabeueto), do verbo βραβεύω (brabeuo), que significa, literalmente, “arbitrar”; “dominar” (caso genitivo); “prevalecer”. Depois de ordenar aos colossenses que se revistam (“Revesti-vos”, no grego, está no modo imperativo) de compaixão, benignidade, humildade, mansidão e longanimidade uns para com os outros (v.12); e do amor, que é o “vínculo da perfeição” (v.14), Paulo também ordena que apenas a paz de Cristo tenha a palavra final nos corações dos crentes (o “domine” também está no modo imperativo, além de estar na voz ativa), para que os mesmos se assemelhem cada vez mais a Jesus (cf. v. 13: “assim como o Senhor vos perdoou…”). Portanto, o texto não trata, de jeito nenhum, acerca de como devemos fazer para reconhecer a vontade de Deus para as nossas vidas, e sim, sobre como devemos nos deixar dominar pelo caráter amável, santo e puro de Cristo em nossas relações com nossos irmãos.

Soli Deo Gloria!

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sábado, 15 de maio de 2010

"Pregação chocante", por Paul Washer

Um dos meus pregadores favoritos da atualidade, Paul Washer nos leva a uma profunda reflexão sobre o tipo de cristianismo que professamos. O vídeo abaixo é apenas um resumo (muito bem feito, diga-se de passagem) de uma pregação sua que ficou conhecida como "Pregação chocante" (na íntegra aqui). É realmente muito forte!




Soli Deo Gloria!
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